Diferentes relações C/N inicial para tratamento de lodo de curtume via compostagem.

Giovanni Terra Peixoto, Ana Beatriz de Melo Segatelli, Andressa Ferreira Pimenta, Luis Fernando Vanzella Mazzarin, Marcos Candido da Silva, Ramily Micheleti de Azevedo Oliveira Menenses, Roger Nabeyama Michels, Tatiane Cristina Dal Bosco

Resumo


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O lodo da ribeira é um dos resíduos sólidos gerados nos curtumes e possui elevada carga orgânica, podendo causar impactos ao ambiente se disposto incorretamente. A compostagem pode ser utilizada para o tratamento deste resíduo. Recomenda-se, na literatura, que a relação C/N inicial do processo seja de 30:1. No entanto, esta relação pode ser inviável, visto que os resíduos considerados como fonte de nitrogênio são os maiores desafios das indústrias e gerados em maior quantidade. Objetivou-se avaliar a eficiência de duas relações C/N iniciais na compostagem do lodo de ribeira com poda de árvores e maravalha, na presença e na ausência da cinza de caldeira. Montou-se 16 leiras, com relação C/N inicial calculada de 16:1 e 12:1. Ao longo de 60 dias monitorou-se: pH, temperatura, condutividade elétrica, relação C/N, aspecto do material e redução de massa e volume. O pH de todos os compostos se apresentou alcalino. Apenas o T5 (lodo e poda, C/N 16:1) atingiu temperatura superior a 55ºC. Os tratamentos com poda de árvores foram mais eficientes quanto à redução da relação C/N, destacando-se T5 e T6 (lodo, poda e cinza, C/N 16:1) com 41,52 e 42,02% de redução, respectivamente. Todos os tratamentos sofreram redução de volume e massa, com destaque para T5 e T6. Houve maior descaracterização dos resíduos com poda de árvore em sua composição. Portanto, os compostos T5 e T6 se destacaram, evidenciando que a melhor relação C/N para iniciar o processo é 16:1, e a fonte de carbono é a poda de árvore.


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