Revista Brasileira de Meio Ambiente

Periódico de Acesso Aberto

CiteScore

0.4

Indexada na
SCOPUS

QUALIS

B3

2017-2021
quadriênio

Idioma

Revista Brasileira de Meio Ambiente

e-ISSN: 2595-4431


Resumo

O ecossistema de mangal é uma importante fonte de recursos e serviços que atendem às necessidades humanas. Apesar de sua relevância, os mangais no sul de Zambézia permanecem pouco conhecidos, especialmente em relação à sua distribuição e estado de conservação. Avaliamos a composição, diversidade e estado de conservação dos mangais em Macuse, no sul de Zambezia, Moçambique. Para o levantamento florístico, foram selecionados cinco pontos de amostragem de forma aleatória, e transectos lineares de 300 m de comprimento foram alocados para cada um. Em cada transecto, foram estabelecidas parcelas de 20 x 20 m. As plantas foram identificadas, quantificadas e agrupadas em categorias de níveis de corte: intactas (sem corte), corte parcial (25% dos ramos cortados), corte profundo (75% dos ramos cortados), corte completo (toco) e morte por causas naturais. Registramos 14.116 indivíduos pertencentes a oito espécies, a saber: Avicennia marina, Bruguiera gymnorrhiza, Ceriops tagal, Heritiera littoralis, Lumnitzera racemosa, Rhizophora mucronata, Sonneratia alba, Xylocarpus granatum, com C. tagal sendo a espécie mais abundante. A curva de rarefação atingiu uma assíntota, indicando uma baixa probabilidade de registrar novas espécies mesmo com o aumento do esforço amostral. Registramos 69% dos indivíduos intactos, 2,8% com cortes parciais, 2,2% com cortes profundos, 9,3% com o tronco completamente cortado e 16,7% mortos devido a causas naturais. C. tagal foi a espécie mais pressionada por causas naturais e humanas. Esses resultados proporcionam um bom nível de conservação dos mangais estudados; no entanto, há necessidade de fortalecer ações voltadas para uma maior conservação, reduzindo assim a pressão humana sobre os mangais.

Referências

  • Alves, T., & Sousa, C. (2007). Avaliação preliminar da vegetação costeira e dos mangais existente na área proposta de conservação no arquipélago das ilhas primárias e segundas. Moçambique90p,.
  • Anjos, A. (2011). Aplicação dos sistemas de informação geográfica e detecção remota no monitoramento do mangal: estudo de caso da Cidade da Beira. Dissertação de Mestre em Sistemas de Informação Geográfica. Universidade Católica de Moçambique, Moçambique.
  • Amade, F. M. C., Chirwa, P. W., Falcão, M. P., & Oosthuizen, C. J. (2019). Structural characterization, reproductive phenology and anthropogenic disturbance of mangroves in Costa do Sol, Bons Sinais Estuary and Pemba-Metuge from Mozambique. Journal of Sustainable Forestry, 38(4), 381–395.
  • Amade, F. M. C., Oosthuizen, C. J., & Chirwa, P. W. (2021). Genetic diversity and contemporary population genetic structure of Avicennia marina from Mozambique. Aquatic Botany, 171(7), 1-8.
  • Balidy, H. J., A Sitoe, M., Menomussanga, P., & Pires, L. (2005). Avaliação dos níveis de corte, composição específica e regeneração natural de mangal no Sul de Moçambique. CDS-ZC. 20 p.
  • Bandeira S. O., Macamo CCF, Kairo JG, Amande F, Jiddawi N., & Paula J. (2009). Evoluation of mangrove Struture and Condition in two trans-boundary áreas in the Western Indian Ocean. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, 19, 46-55.
  • Bandeira, S. O., & Balidy, H. (2016). Limpopo Estuary Mangrove Transformation, Rehabilitation and Management. Springer International Publishing, 227–237.
  • Barbosa, F. M. A., Cuambe, C. C., Bandeira, S. O. (2001). Status and distribution of mangroves in Mozambique. South African Journal of Botany, 67(3):393–398.
  • Beentje H., & Bandeira, S. O. (2007). Field Guide to the Mangrove Trees of Africa and Madagascar, Kew Publishing: UK.
  • Bunting, P., Rosenqvist, A., Hilarides, L., Lucas, R., Thomas, N., Tadono, T., Worthington, T., Spalding, M., Murray, N., & Rebelo, L. (2022). Global mangrove watch (1996 - 2020). Remote Sens, 14, 1-32.
  • Charrua, A. B., Bandeira, S. O., Catarino, S., Cabral, P., & Romeiras, M. M. (2020). Assessment of the vulnerability of coastal mangrove ecosystems in Mozambique. Ocean and Coastal Management, 189(7), 1-12.
  • CEAGRE. (2015). Mapeamento de habitats de Moçambique: criando as bases para contrabalanços de biodiversidade em Moçambique. Relatório Final, Maputo, BioFund, 63p.
  • Chao, A., & Jost, L. (2012). Coverage-based rarefaction and extrapolation: standardizing samples by completeness rather than size. Ecology 93(12), 2533–2547.
  • Chao, A., Ma, K. H., & Hsieh, T. C. (2016). iNEXT (iNterpolation and EXTrapolation): Software for interpolation and extrapolation of species Diversity. Program and User´s Guide, 30043(Available at: http://chao.stat.nthu.edu.tw/wordpress/software_download. Accessed on 28 February 2023).
  • Come, J., Peer, N., Nhamussua, J. L., Miranda, N. A., Macamo, C. C., Cabral, A. S., Madivadua, H., Zacarias, D., Narciso, J., & Snow, B. (2023). A socio-ecological survey in Inhambane Bay mangrove ecosystems: Biodiversity, livelihoods, and conservation. Ocean and Coastal Management, 244(8), 1-11.
  • Cuamba, E., Vieira, L., & Morgado, F. (2019). Condição ecológica e biomassa da floresta de mangal da baia de quionga no contexto das alterações climáticas (Norte Moçambique). Captar, 8(1), 76–96.
  • Deshmukh, I. (1986). Ecology and tropical biology. Blackwell Scientific Publications. USA. 387p.
  • Fatoyinbo, T., E, M Simard., RA Washington-Allen., & H, Shugart. (2008). Landscape-scale extent, height, biomass, and carbon estimation of Mozambique's mangrove forests with Landsat ETM+ and Shuttle Radar Topography Mission elevation data, Journal of Geophysical Research, 113, 2-6.
  • Fatoyinbo, T., & Simard, M. (2013). Height and biomass of mangroves in Africa from ICESat/GLAS and SRTM. International Journal of Remote Sensing ,34 (2), 668-681.
  • Fernando, S., & Bandeira, S. O. (2010). Litter fall and decomposition of mangrove species Avicennia marina and Rhizophora mucronata in Maputo Bay, Mozambique. Western Indian Ocean Journal of Marine Science, 8(2), 173 - 182.
  • Francisco, L., Ribeiro, N., & Sitoe, A. (2008). Análise de Mudança de Cobertura do Mangal na Baía de Sofala, Moçambique, Captar, 8, 51–60.
  • Giri, C., Ochieng, E., Tieszen, L.L., Zhu, Z., Singh, A., Loveland, T., Masek, J., & Duke, N. (2011). Status and distribution of mangrove forests of the world using earth observation satellite data. Glob. Ecol. Biogeogr, 20, 154–159.
  • IUCN [International Union for the Conservation of Nature] (2022). The Red List of Threatened Species. Available at: https://www. iucnredlist.org. Accessed on 14 January 2024.
  • Kairo, J. G., Dahdouh-Guebas, F., Gwada, P. O., Ochieng, C., Koedam, N. (2002). Regeneration status of mangrove forests in Mida Creek, Kenya: A compromised or secured future? Ambio, 31(7–8), 562–568.
  • Kirui, B. K. (2013). Importance and Dynamics of the Mangroves in Kenya. In Developments in Earth Surface Processes, 16(1),193-198.
  • Lacerda, A., & Andrade, A. C. de. (2022). Análise das atividades antrópicas nas florestas de mangal em Macuse, centro de Moçambique. Natural Resources, 12(1), 159–169.
  • Lamprecht, H. (1990). Silvicultura nos Trópicos. Cooperação Técnica-RFA.Eschborn. 343 p.
  • Macamo, C., Massuanganhe, E., Nicolau, D. K., Bandeira, S. O., & Adams, J. B. (2016a). Mangrove’s response to cyclone Eline (2000): What is happening 14 years later. Aquatic Botany, 134, 10–17.
  • Macamo, C., Bandeira, S., Muando, S., Abreu, D., & Mabilana, H. (2016b). Mangroves of Mozambique. In: Bosire JO, Mangora MM, Bandeira S, Rajkaran A, Ratsimbazafy R, Appadoo C, Kairo JG (eds). Mangroves of the Western Indian Ocean: Status and Management. WIOMSA, Zanzibar Town, 51-73.
  • Macamo, C., Adams, J. B., Bandeira, S. O., Mabilana, H. A., & António, V. M. (2018). Spatial Dynamics and Structure of Human Disturbed Mangrove Forests in Contrasting Coastal Communities in Eastern Africa. Wetlands, 38(3), 509–523.
  • Machava-António, V., Fernando, A., Cravo, M., Massingue, M., Lima, H., Macamo, C., Bandeira, S., & Paula, J. (2022). A Comparison of Mangrove Forest Structure and Ecosystem Services in Maputo Bay (Eastern Africa) and Príncipe Island (Western Africa). Forests, 13(9), 1–21.
  • MAE [Ministério da Administração Estatal]. (2005). Perfil do distrito de Namacurra província da Zambézia. Available at: https://web.archive.org/web/20110930022625/http://www.portaldogoverno.gov.mz/Informacao/distritos/zambezia/ Mocuba.pdf. Accessed on 2 February 2024.
  • Mandlate, L. J. C (2013). Mangal da Baia de Sofala: Caracterização Ecologica e Estimativa de Carbono Sequestrado, Maputo, Faculdade de Agronomia e Engenharia florestal, Universidade Eduardo Mondlane, Dissertação de Mestrado, Moçambique.
  • Mangora, M. M., Lugendo, B. R., Shalli, M., & Semesi, S. (2015). Mangroves of Tanzania. WIO Mangroves, 33–49.
  • Marangon, G. P. (2011). Estrutura e padrão espacial em vegetação da Caatinga. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife - PE, Brasil.
  • Mueller-Dombois, D., & Ellenberg, H. (1974). Aim and methods of vegetation ecology. New York: J. Wiley, New York, 547p.
  • Miguel, P. N.., Armazia, R., & Miguel, A. R. (2024). Composição e nível de corte do mangal do Erecâmba no distrito de Inhassunge , província da Zambézia , centro de Moçambique. Revista EDUCAmazônia, 17, 839–851.
  • Naidoo, G. (2023). The mangroves of Africa: A review. Marine Pollution Bulletin, 190(3), 1-13.
  • Nascimento, A.R.T. (2001). Estrutura e padrões de distribuição espacial de espécies arbóreas em uma amostra de floresta ombrófila mista em Nova Prata, RS. Ciência Florestal, 11(1), 105-119.
  • Nicolau, D. (2016). Mangrove community structure in a protected area of the Eastern Africa: The case of Quirimbas National Park, Mozambique. MSc Thesis. Universidade Eduardo Mondlane, Maputo. Moçambique.
  • Pielou, E. C. (1977). Mathematical ecology. Wiley, New York. 165 p.
  • Saket M., & Matusse R. (1994). Study for the determination of the rate of deforestation of the mangrove vegetation in Mozambique. DNFFB. FAO/PNUD/MOZ/92/013. Technical report.
  • Sitoe, A. A., Mandlate, L. J. C., & Guedes, B. S. (2014). Biomass and carbon stocks of Sofala Bay mangrove forests. Forests, 5(8), 1967–1981.
  • Schaeffer-Novelli, Y. (1995). Mangal: ecossistema entre a terra e o mar. Caribbean Ecological Research, São Paulo. 64p.
  • Spalding, M., Kainuma, M., & Collins, L. (2010). World Atlas of Mangroves. A collaborative project of ITTO, ISME, FAO, UNEP-WCMC, UNESCO-MAB, UNU-INWEH and TNC. London (UK): Earthscan, London. 319pp
  • Trettin, C. C., Stringer, C. E., & Zarnoch, S. J. (2016). Composition, biomass and structure of mangroves within the Zambezi River Delta. Wetlands Ecology and Management, 24(2), 173–186.
  • Taylor, M., Ravilious, C., & Green, E.P. (2003). Mangroves ofEast Africa; UNEP, World Conservation Monitoring Centre: Cambridge, UK, 26p.
  • Uhl, C., & Murphy, P. G. (1981). Composition, Structure and Regeneration of a terra firme Forest in the Amazonian Basin of Venezuela. Trop. Ecol. 22, 219-23.
  • Walters, B.B., Ronnback, P., Kovacs, J.M., Crona, B., Hussain, S.A., Badola, R., Primavera, J.H., Barbier, E., & Dahdouh-Guebas, F. (2008). Ethnobiology, socio-economics and management of mangrove forests: A review. Aquat. Bot. 89:220–236.
  • Zide A., & Rajkaran, A. (2015). Nhangonzo coastal stream critical habitat biodiversity assessment – Mangroves. Golder Associados, Maputo, Mozambique. 33 pp.

Licença

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Copyright (c) 2025 Avelino Raimundo Raimundo Miguel, Jhon Francisco Ribeiro Bero, Paulo Nazare Miguel, Yolanda Laura Ganhane De Sousa, Nelson Virgilio Rafael

Informações do artigo

Histórico

  • Recebido: 10/05/2024
  • Publicado: 31/12/2024