Periódico de Acesso Aberto
0.4
Indexada na
SCOPUS
B3
2017-2021
quadriênio
Meio Ambiente e Ciências Sociais | v. 8 n. 4 (2020)
Fernanda Vargas Barbi de Souza Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Informações do autor
Informações do autor
Publicado em setembro 11, 2020
O caranguejo-uçá (Ucides cordatus) é um crustáceo decápodo endêmico de manguezais, com distribuição ao longo de todo o litoral brasileiro. Essa espécie participa da bioturbação dos sedimentos, do fluxo de matéria orgânica/energia e da cadeia trófica neste ambiente costeiro. As comunidades litorâneas tradicionais, caiçaras, sobrevivem da cata e comércio deste crustáceo, que, por ser uma atividade extrativista típica dos manguezais brasileiros, pode prejudicar o ambiente quando em desacordo às normas vigentes. O presente estudo tem como objetivo levantar informações socioeconômicas associadas ao conhecimento etnobiológico dos catadores de caranguejo-uçá do Estuário do Rio Itanhaém (SP), em relação ao estado de conservação dessa espécie e do manguezal. Os catadores obtidos pela técnica snowball foram entrevistados utilizando um questionário semiestruturado. Os dados foram analisados de forma quali-quantitativa, por meio do Discurso do Sujeito Coletivo, sempre que possível respaldado estatisticamente. A quantidade de catadores que atuam nesse sistema estuarino (n = 9) superou em 80% o indicado pela Colônia de Pescadores “Z-13”. Todos os entrevistados pertenciam ao gênero masculino, 67% dos quais oriundos do próprio município, 33% trabalhando na clandestinidade, o que coloca em risco o manejo da espécie. Entre os impactos negativos ao manguezal, 100% dos catadores se preocupam com sua destruição, ocupação irregular e supressão da mata ciliar, enquanto 78% citaram a contaminação pelos resíduos sólidos, indicando que ações de monitoramento e fiscalização são imprescindíveis ao manejo e conservação deste ecossistema.